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Após aborto, mãe escreve sobre as lembranças que o corpo traz

Ao ver as marcas de uma gestação interrompida, Jessica McCoy’s se lembra da triste perda de sua filha e faz desabafo.

Por Carla Leonardi (colaboradora)
16 mar 2017, 17h31

Estranhar o próprio corpo depois da gravidez é natural e comum, afinal, são muitas as transformações que acontecem ao longo dos nove meses. Ainda assim, fica mais fácil entender que todas essas mudanças foram causadas por um bem maior quando se tem um bebê nos braços – o que, infelizmente, não acontece com todas as mulheres. Foi sobre esse assunto que Jessica McCoy’s, americana de 27 anos, fez um desabafo em seu perfil no Instagram.

Ao postar uma foto do corpo dela no espelho, Jessica escreveu sobre as tristes lembranças que as marcas da gestação lhe trazem: a imagem da perda, de uma criança que não está lá. “Todo dia eu me visto e minhas roupas estão apertadas. E todo dia eu me lembro que carreguei meu bebê por seis meses e ele morreu”, escreveu.

Em entrevista ao Huffington Post, Jessica – que já é mãe de Brennan, de seis anos – explicou o motivo da sua publicação. “Eu nunca vi ninguém postar algo sobre os sentimentos em relação ao corpo depois da perda gestacional. O que vejo são muitos posts positivos de mulheres comemorando seu corpo por ele ter gerado uma linda criança. E eu as apoio totalmente, mas, nesse momento, eu não sinto isso. Eu sinto raiva do meu corpo. Sinto como se eu não pudesse confiar nele. Me sinto quebrada. E toda vez que me olho no espelho ou me visto, lembro que a minha menininha se foi”.

A americana contou ainda que, durante a gravidez, teve aquela “intuição de mãe” de que algo estava errado. Por volta da 20ª semana de gestação, ela e seu marido descobriram, por meio de um ultrassom, que o feto tinha espinha bífida (uma malformação congênita), mas ainda havia a esperança de resolver o problema por meio de uma cirurgia.

Entretanto, após uma amniocentese (um exame realizado a partir do líquido amniótico), foi constatado que o feto tinha uma falha cromossômica e que precisaria de múltiplas cirurgias, tendo ainda o sistema imunológico altamente comprometido. Diante dessa situação, os pais decidiram interromper a gravidez – o que é permitido nos Estados Unidos. “Nós estávamos e ainda estamos devastados. Mas sabemos que aquela era a decisão mais generosa que poderíamos tomar, terminar a vida dela antes de começar para que ela nunca tivesse que sofrer. Agora nós suportamos esse sofrimento para que ela não precise passar por isso”, declarou Jessica.

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Veja o post de Jessica e, em seguida, a tradução:

“Eu quero falar sobre o meu corpo pós-parto. Há uma série de emoções que vêm com o ganho de peso durante a gravidez. Eu ganhei mais de seis quilos em seis meses. E então, depois de tudo, eu ganhei mais uns dois. Eu estou quase nove quilos mais pesada e dois tamanhos acima do que eu era antes de engravidar. E eu não estou bem com o meu corpo. Eu acho que eu estaria bem se Evie estivesse aqui, embora ela provavelmente ainda estivesse cozinhando aqui dentro de mim. O fato de eu estar maior do que normalmente sou e de não ter o meu bebê torna tudo mais difícil. Eu lidei com o corpo pós-parto depois que o Brennan nasceu. E eu estava desconfortável nas minhas medidas maiores, mas eu gerei meu lindo homenzinho e como eu poderia estar chateada com isso quando olhava para ele? Todo dia eu me visto e minhas roupas estão apertadas. Todo dia eu sou lembrada de ter gerado meu bebê por seis meses e ele ter morrido. É realmente um lembrete constante para mim. Eu não tenho amor pelo meu corpo. Eu estou com raiva dele agora. Eu não consigo ser positiva em relação a isso neste momento. É muito difícil e dói demais. Eu estou trabalhando para perder esse peso e, assim, ter um lembrete a menos. Eu realmente acho que os meus hormônios estão tornando isso mais difícil na minha rotina normal. Por isso eu recrutei a ajuda de uma amiga que é personal trainer. Eu espero de verdade que isso me ajude. Porque olhar meu corpo despido no espelho dói”.

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