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Suco: entenda por que ele não é uma boa opção para o seu filho

Em 2012, a Sociedade Brasileira de Pediatria entrou em consenso: crianças não devem ingerir sucos de frutas, em especial os menores de 1 ano. Saiba por quê!

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 19 jun 2017, 13h27 - Publicado em 18 jun 2015, 18h06

Tão natural quanto o fato de que o bebê deve se alimentar exclusivamente com o leite materno nos seis primeiros meses vida é a ideia de que os suquinhos de frutas são os primeiros a fazer parte da nova dieta do pequeno. Gostosos, naturais e de fácil ingestão, eles são a opção perfeita para introduzir os baixinhos no mundo dos vegetais, certo? Errado! “Ao oferecer o suco, a mãe está perdendo a oportunidade de dar a fruta para o seu filho, que tem mais fibras e vitaminas, além de estimular a mastigação”, pontua o pediatra Mauro Fisberg, coordenador do Centro de Dificuldades Alimentares do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo.

O problema é que, não raro, a bebida é dada para os bebês no lugar da fruta in natura. Mais: algumas mães chegam até a substituir a água ou uma refeição pelo líquido. Foi a partir dessa constatação que, em 2012, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) resolveu incluir em seu manual de nutrologia a recomendação de evitar a oferta do suco natural para crianças a partir de 6 meses. “Ele não é proibido, mas seu consumo acaba sendo exagerado e tomando o lugar de outros alimentos”, pondera Fisberg, que participou da elaboração do documento.

Outras desvantagens

Embora a SBP não proíba os sucos, há quem defenda que a bebida deve passar, sempre que possível, bem longe da boca dos pequeninos. E o primeiro motivo é reduzir o consumo de calorias e evitar, assim, a obesidade infantil. “Do ponto de vista nutricional, trata-se de um alimento com uma carga calórica muito grande e que não pode ser reduzida. Para fazer um suquinho de laranja, por exemplo, vão de 2 a 3 unidades da fruta”, alerta o pediatra Ary Lopes Cardoso, chefe da Unidade de Nutrologia do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo. Ao chupar alguns gominhos, o bebê certamente não vai ingerir tudo isso.

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Outro ponto que depõe contra os líquidos das frutas é o fato de que, ao tomá-los, o pequeno não exercita importantes funções do seu desenvolvimento, como mastigar e engolir. “Se ele começa tomando suco e mamadeira, fica muito mais difícil se acostumar a comer mastigando”, analisa Cardoso. Além disso, ao consumir a fruta, o bebê sente melhor a consistência do alimento, seus sabores e texturas – e aí, a chance de tomar gosto pela coisa é bem maior.

Quando não tem jeito

Mas e nos aniversários de criança? E quando não houver uma fruta à mão? Calma. É claro que, em situações como essas, o suco natural está liberado. Aliás, é uma opção bem mais saudável do que as versões industrializadas ou, pior, os refrigerantes. Apenas tome cuidado para não exagerar: 150 ml (ou menos de 1 copo) são mais do que suficientes.

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Segundo o manual da SBP, o melhor momento para o pequeno tomar a bebida é após as refeições. Isso porque a vitamina C – que está na maioria das frutas – facilita a absorção do ferro inorgânico, presente em alimentos como o feijão e as folhas verde-escuras. “Mas isso também acontece se a criança comer a fruta”, lembra Ary Cardoso.

Outra dica para deixar o suco mais saudável é não coá-lo. Assim, as fibras permanecem intactas, promovendo mais saciedade. No caso dos bebês que têm intestino preso, essa é uma boa estratégia para melhorar a digestão. Mas não se esqueça: comer a fruta é sempre uma escolha melhor.

Não desista no primeiro abacaxi

É normal os pequenos fazerem cara feia ao estranharem o sabor ou a textura de uma fruta que estão comendo pela primeira vez. Mas isso não significa que você deve partir para os sucos. Raspar ou amassar a fruta são boas opções. Experimente também começar com tipos mais fáceis de serem consumidos. “Manga, pera e mamão são alguns exemplos”, indica o pediatra do Instituto da Criança. E lembre-se: respeite o tempo do seu filho. “É uma questão de treino. Aos poucos, ele já vai estar comendo tudo”, garante Cardoso.

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