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Será que você está contribuindo para o desenvolvimento do seu filho?

Conheça os estímulos relevantes para um crescimento saudável e descubra se você está no caminho certo.

Por Adriana Toledo (colaboradora)
Atualizado em 14 mar 2019, 14h34 - Publicado em 28 Maio 2015, 11h56

A Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, instituição dedicada à disseminação de conhecimento sobre a primeira infância, encomendou o levantamento com o intuito de avaliar o que as mães de crianças na faixa etária entre 0 e 3 anos consideram essencial para o desenvolvimento infantil. De cara, veio a boa notícia de que elas dispensam a devida atenção à saúde, já que 51% consideram que levar ao pediatra regularmente e manter a vacinação em dia devem ser preocupações primordiais. Em contrapartida, os esforços dedicados ao lazer e às trocas afetivas parecem ficar em segundo plano. Apenas 19% das entrevistadas mencionaram brincar e passear como prioridades e somente 12% citaram a importância de receber carinho.

“Uma interação de qualidade entre pais e filhos é fundamental para promover  os estímulos necessários a um bom desenvolvimento integrado, que envolve questões cognitivas, emocionais e motoras”, esclarece o neuropediatra Saul Cypel, da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal. “Durante um jogo, a mãe tem a oportunidade de ensinar a criança a esperar sua vez e a assimilar regras. Na hora do lanche, auxiliar no manuseio dos talheres ajuda a treinar a coordenação motora. Explicar ao pequeno como ele pode se vestir sozinho estimula sua autonomia, e assim por diante”, exemplifica o médico. Segundo ele, é importante ter em mente que as bases da estrutura cognitiva de um indivíduo se estabelecem, principalmente, nos três primeiros anos de vida. “A plasticidade cerebral permite que o aprendizado continue até os 80 anos de idade mas, à medida que o tempo passa, os custos ficam mais altos”, avisa.

Antes mesmo de nascer
A carência de informações sobre a fase mais incipiente do desenvolvimento infantil ameaça trazer prejuízos precocemente. Dentre as mães entrevistadas, uma parcela minoritária de 22% sabe que a criança começa a aprender ainda no útero. 25% entendem que a aprendizagem se inicia com o nascimento. Mas a maioria representada por 53% dessas mulheres acredita que os registros só passam a ocorrer a partir dos 6 meses ou de um ano. “Estudos já demonstraram, por exemplo, que uma ansiedade elevada durante a gestação aumenta os níveis de hormônio cortisol que, por sua vez, atrapalham a organização dos circuitos neuronais do feto”, afirma Saul Cypel.

Yarruta/Thinkstock/Getty Images Yarruta/Thinkstock/Getty Images

Em outras palavras, as evidências científicas mostram que não se pode negligenciar a influência que a vivência dentro do útero exerce na formação do indivíduo. O mesmo alerta se aplica ao primeiro semestre do bebê fora da barriga. “Cada vez que o recém-nascido tem fome e é alimentado pela mãe, cria-se um mecanismo de repetição do acolhimento que é registrado na memória, aplacando a ansiedade”, ensina Cypel. É por isso que não só o afeto e a dedicação da progenitora são essenciais, mas também a rotina. Estabelecer horários bem definidos para o sono, as refeições e demais atividades permite que a criança se acostume e preveja a sequência de cuidados, o que afasta a incerteza, a sensação de desamparo. “Isso contribui para diminuir a insegurança, o que se traduz em uma personalidade mais autoconfiante no futuro”, justifica o neuropediatra.

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Lazer construtivo
O papel da diversão no desenvolvimento não parece estar tão claro entre as mamães, conforme demonstrou a pesquisa. Quando questionadas sobre suas estratégias para estimular os filhos no tempo livre, 55% responderam que os deixam assistir a desenhos e programas infantis. Infelizmente, apenas 19% das participantes destacaram brincar e passear como ações relevantes para o pequeno se desenvolver adequadamente.

“Brincadeiras são fundamentais para a evolução da coordenação motora, dos laços emocionais, além de muitas outras habilidades. As crianças precisam de estímulos visuais, auditivos e táteis”, ensina Cypel. Mais uma vez, a declaração reforça a necessidade de os adultos reservarem momentos de dedicação integral aos baixinhos, focando sua atenção e proporcionando experiências agregadoras.

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Em casa ou na creche?
Essa dúvida, cedo ou tarde, paira sobre a cabeça dos pais, quando eles precisam reorganizar a rotina para retomar a carreira. E é difícil, mesmo, chegar a uma conclusão sobre qual a melhor opção, quando o desenvolvimento está em pauta. Na opinião de Saul Cypel, o ideal é que a criança fique com um dos pais, pelo menos até os dois anos de idade, desde que esse cuidador consiga dispensar a devida atenção ao pequeno. Não basta a presença física, a qualidade do convívio é fundamental, lembra?

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Ingram Publishing/Thinkstock/Getty Images Ingram Publishing/Thinkstock/Getty Images

Caso não exista essa disponibilidade, a creche é, sim, uma boa alternativa. De acordo com Naercio Filho, Coordenador do Centro de Políticas Públicas (CPP) do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, uma análise realizada em 100 creches do Rio de Janeiro verificou que instituições de boa qualidade implicam em uma melhoria de 1,2 mês no desenvolvimento global da criança. Entre os aspectos mais impactantes, estão o programa pedagógico, as atividades criativas, de linguagem e sociais. Mas, a pergunta que não quer calar: como os pais podem se assegurar de que estão escolhendo a melhor instituição para o seu filho? “Não basta deixar a criança na porta da creche. É preciso conversar com o educador, criar uma relação estreita, discutir a proposta pedagógica”, orienta Eduardo Marino, gerente de avaliação da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal. Uma observação atenta também vale ouro, no momento da eleição. “Note se a creche propõe atividades criativas e estimulantes”, sugere Marino. Ele citou o exemplo de uma escolinha em que as refeições são oferecidas em  sistema de self-service. Essa solução evita que o pequeno tenha que esperar muito enquanto os colegas coleguinhas são servidos. Sem contar que estimula a autonomia e a diversificação da alimentação.

Ele também recomenda que os pais consultem as diretrizes do Ministério da Educação, que trazem informações valiosas sobre os pré-requisitos de uma boa educação infantil. À primeira vista, pode parecer complicado ficar atento a tantos detalhes. Mas, no final das contas, o recado é simples: conviver, participar, dar muito carinho ao seu filho e proporcionar a ele a maior riqueza de vivências possível. A recompensa será vê-lo crescer e se tornar um adulto mais confiante, equilibrado e preparado para lidar com os desafios e adversidades da vida. Vale o investimento!

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