Continua após publicidade

Pegar o bebê no colo no meio da noite pode causar distúrbio de sono

Alguns hábitos são traiçoeiros. Eles parecem a solução para convencer a criança a pregar os olhos, mas prejudicam as noites da família inteira. Saiba como acabar com esse pesadelo.

Por Paula Desgualdo (colaboradora)
Atualizado em 22 out 2016, 18h00 - Publicado em 14 Maio 2015, 20h53

Começa com um choro corriqueiro no meio da madrugada. O pai ou a mãe se levantam para acalmar o filho e não pensam duas vezes antes de envolver a criança no colo, na tentativa de fazê-la fechar os olhos. Animados com o resultado – ela pegou no sono em poucos minutos -, recorrem à estratégia com frequência. Quando se dão conta, porém, o gesto virou uma moeda de troca e o pequeno só dorme com a condição de ser embalado nos braços.

Você provavelmente conhece essa história, “mas talvez não saiba que esse tipo de artimanha é um dos principais responsáveis pelos distúrbios do sono na mais tenra idade”, afirma Marilúcia Picanço, que coordena a área de medicina da criança e adolescente da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília. Quem adota esse hábito enfrenta verdadeiras maratonas para assegurar que o bebê e, consequentemente, o resto da família tenham uma noite tranquila.

“Atitudes que facilitam o sono do filho ao exigir a presença dos pais fazem com que eles se tornem escravos do sono da criança”, diz Márcia Pradella-Hallinam, coordenadora do setor de pediatria do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo. Portanto, se você deita ao lado do pequeno até ele adormecer ou permite que ele se enfie na sua cama no meio da madrugada, é hora de rever esses costumes.

Que fique claro: não se trata de uma proibição. Algumas vezes, só mesmo apelando para esse tipo de práticas que os pais conseguem sossegar o filho e recarregar sua própria bateria. O problema é fazer disso um hábito. Aí, além de prejudicar a qualidade da soneca, eles podem retardar o amadurecimento da criança. Sem falar que a cadeira cativa do filho no quarto dos pais acaba empatando os momentos de intimidade do casal.
 
Para se ver livre dessa situação, o primeiro passo é reorganizar a rotina – só assim você deixa de ser um refém do sono do filhote. A disciplina é a senha para dar adeus a madrugadas em claro e, de quebra, oferece um escudo contra birras e histórias mirabolantes inventadas pelas crianças mais velhas para escapar da cama. “Tem que ser como militar na hora de definir horários”, compara Rosana Alves, neurologista do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A sorte dos pais é que o organismo da meninada tem uma capacidade incrível de se adaptar a mudanças, o que facilita o processo de (re)aprendizagem do sono – normalmente, duas ou três semanas são suficientes para colocá-las nos eixos.

Publicidade