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Os medicamentos anticoncepcionais podem causar infertilidade?

O médico Mauricio Chehin, do Grupo Huntington Medicina Reprodutiva, esclarece questões cruciais para auxiliá-la a realizar o sonho da maternidade.

Por Dr. Maurício Chehin
Atualizado em 20 jan 2017, 13h03 - Publicado em 19 fev 2015, 18h34

Os medicamentos contraceptivos, os chamados anticoncepcionais ou pílulas, não causam infertilidade. Acontece, entretanto, que o remédio pode mascarar algumas doenças que possam causá-la e algumas mulheres só descobrem os sintomas quando suspendem o uso para tentar engravidar.

Quando uma mulher toma um medicamento anticoncepcional, ele impede que seus folículos ovarianos (local onde se armazenam as células reprodutivas femininas) se desenvolvam e liberem o óvulo. Em outras palavras, inibe momentaneamente a ovulação e, portanto, a fertilidade. Esse efeito não é permanente e pouco tempo após parar de usá-los – alguma vezes, inclusive, já no mês seguinte – a mulher volta a ovular normalmente e estará totalmente apta a ter filhos.

Por outro lado, os anticoncepcionais podem disfarçar os efeitos mais evidentes de doenças que afetam a fertilidade, como a menopausa precoce, por exemplo. Essa patologia suspende a menstruação e as ovulações antes do tempo, com menos de 40 anos, reduzindo as chances de gravidez. Estima-se que de 1% a 3% das mulheres tenham esse distúrbio.

Quando está em tratamento com um medicamento anticoncepcional, os efeitos da menopausa precoce se tornam praticamente imperceptíveis. Os sintomas serão vistos apenas se a mulher tentar ter um filho. Algumas mulheres, ao parar com o uso do medicamento, podem ter ciclos irregulares, que em alguns casos podem ser reflexo de uma reserva ovariana já muito diminuída. Esse fator limita as chances de ter um óvulo de boa qualidade e, consequentemente, de engravidar.

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Outras doenças que podem causar a infertilidade feminina, como a endometriose e a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), também podem ser mascaradas pelo medicamento contraceptivo. Ambas atingem mulheres em idade reprodutiva. A primeira é caracterizada por apresentar células endometriais em locais fora do endométrio – camada interna do útero que é renovada mensalmente pela menstruação, provocando inflamação pélvica, dor e, às vezes, aderências na pelve. Já a SOP é um distúrbio hormonal que provoca a ausência de ovulação e sintomas de aumento de hormônios masculinos, como aumento de pelos pelo corpo (pilificação), pele oleosa, queda de cabelo e acne.

Vale destacar que o uso das pílulas anticoncepcionais, mesmo que por muitos anos, não tem uma relação direta com a incapacidade de engravidar. São estas doenças e o tempo de vida da mulher que vão agir nas funções reprodutivas, independente do uso ou não do medicamento.

A recomendação para mulheres que desejam ter filhos e têm histórico familiar das doenças citadas ou idade avançada é procurar um médico para checar seu potencial reprodutivo. Um especialista pode dizer qual é o limite de idade para engravidar sem muitas dificuldades. Nos casos em que já há uma redução considerável de fertilidade, a reprodução assistida pode ser uma opção para realizar o sonho de ser mãe.

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