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O que fazer quando seu filho tem um amigo imaginário

Especialistas dão dicas de como os pais devem agir quando a fantasia invade a criatividade dos pequenos.

Por Mônica Krausz (colaboradora)
Atualizado em 3 mar 2017, 16h55 - Publicado em 7 jun 2015, 19h56

Se ao entrar no quarto do seu filho você encontrá-lo brincando com alguém imaginário, não se assuste. Esse tipo de comportamento é bem comum dos 3 aos 7 anos e demonstra que o pequeno tem uma boa capacidade de imaginação e criatividade. O importante, segundo a psicóloga Luciana Amaral de Mello Blumenthal, da Elipse Clínica Multidisciplinar, de São Paulo, é os pais respeitarem a fantasia da criança. Veja a seguir como lidar com essa situação.

1. Ter um amigo imaginário na infância é normal?
Sim, como qualquer fantasia nessa fase. É algo similar, por exemplo, à criança que brinca com a boneca e crê que ela é sua filha ou àquela que crê em Papai Noel ou no coelhinho da Páscoa. É nessa época da vida também que os pequenos acreditam na existência de monstros, vampiros e fantasmas e, por causa disso, têm medo de dormir sozinhos. Vale saber que tudo isso é considerado saudável: é com base nessa experiência que o menino ou a menina, de acordo com os psicólogos, começa a se relacionar com o mundo e expressar as emoções.

2. O que é importante que os pais observem nessa fantasia?

Na brincadeira fantasiosa, a criança mostra o que acontece no seu mundo interior. E, quando ela cria um amigo imaginário, os pais precisam observar como se dá essa relação. Se é algo normal e saudável, não há com o que se preocupar. É preciso apenas ficar atento quando ela coloca sempre a culpa de algo malfeito no amigo ou, o contrário, quando atribui a ele todos os elogios. No primeiro caso, isso pode sinalizar uma fuga da própria responsabilidade. No segundo, pode indicar baixa autoestima.

3. Ter um amigo imaginário pode ser um sinal de solidão?
Sim, pode. Um exemplo disso é o fato de o amigo imaginário ser mais frequente entre os filhos únicos. Mas depende muito do quanto a criança é fantasiosa ou não e da sua personalidade. De qualquer forma, pais que têm apenas uma menina ou um menino devem ficar atentos para que ela ou ele tenha contato com outros pares, seja indo a parques, ao clube ou ao parquinho do prédio. Por exemplo, algo que pode acontecer é o pequeno querer ficar mais na companhia do amigo imaginário do que na do real. Daí cabe aos pais incentivá-lo a brincar com outras crianças.

4. Crianças que têm um amigo imaginário precisam de um acompanhamento psicológico?
Depende. Só quando os pais desconfiam que o amigo imaginário é uma válvula de escape para dificuldades de relacionamento ou mesmo de comunicação. Mesmo nesse caso, a ida a um terapeuta representa mais uma orientação que o profissional irá dar aos pais do que um acompanhamento psicológico para a criança. Em geral, ele aconselha sobre como agir com o pequeno.

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5. O amigo imaginário pode ser tanto outra criança como um adulto?
É mais comum que seja uma criança. Agora, se for um adulto, pode ser um sinal de que alguma coisa não vai bem com um dos pais. Nesse caso, é importante que eles tentem saber qual é o nome desse amigo, o que a criança faz e conversa na companhia dele. Ela pode estar fazendo com esse colega coisas que gostaria de fazer com o pai ou com a mãe, mas não tem coragem de pedir. Essa observação costuma dar pistas do que está faltando na relação entre pais e filhos.

6. Quais são os momentos em que o amigo imaginário mais aparece?
Normalmente quando a criança está se divertindo sozinha. Se a menina, por exemplo, está brincando de casinha, pode colocar um pratinho para o amigo ou pode sentar e bater papo com ele. Às vezes, ele também aparece durante as refeições e então a filha pede para a mãe servir o colega, ou na hora de dormir e ele deve ganhar um boa-noite.

7. Como devo agir quando o meu filho me aponta o amigo imaginário?
Os pais devem entrar na brincadeira. E jamais negar a existência dele. Isso pode magoá-la porque, afinal, ela acredita naquilo. Se a filha comenta que o coleguinha está comendo brócolis, a mãe pode perguntar se ele está gostando e, então, mudar de assunto.

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8. É comum que a criança tenha mais que um amigo imaginário?
Sim, a criança pode projetar em cada um deles uma personalidade diferente que irá ajudá-la a se compreender melhor. Um amigo pode ter dificuldades escolares, o outro pode ser superestudioso, um pode ser mais sociável e assim por diante.

9. Se meu filho tem um amigo imaginário, devo comentar com a professora da escola?
Deve, pois a escola e os pais precisam ser parceiros sempre. E é recomendável que no colégio a professora também receba bem os amigos imaginários. Quando uma criança fala sobre ele em classe e outro colega o nega, uma boa saída para a educadora é dizer que o amigo do amiguinho só aparece para quem acredita nele de verdade. Assim ela não nega a fantasia de um nem a realidade do outro.

10. Por quanto tempo é considerada normal a existência desse amigo?
O tempo é variável. Podem ser meses ou anos, mas normalmente esse tipo de fantasia se esvai até os 7 anos de idade. Um dia a criança simplesmente para de falar dele da mesma forma que larga o paninho ou o ursinho, que vivia com ela e lhe dava segurança. Quando o amigo desaparece é porque o pequeno não tem mais necessidade dele por perto.

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