Continua após publicidade

Aula 2 – As transformações na primeira metade da gravidez

A obstetra Lucila Pires Evangelista, do Hospital Israelita Albert Einstein, fala sobre as primeiras mudanças que a gestante observa no corpo no início da gravidez.

Por Redação Bebê.com.br
Atualizado em 26 out 2016, 11h45 - Publicado em 26 jun 2015, 16h22

Nas primeiras semanas da gestação, o corpo da mulher é inundado por uma série de hormônios. Uma das primeiras funções desse banho hormonal é preparar os seios para a amamentação. Imagine que as mamas lembram um cacho de uvas. Elas irão se ramificar e ficar com os bagos grandes. Isso porque se preparam para, lá adiante, produzir cerca de 450 mililitros de leite diariamente.

Mas, com isso, os seios praticamente dobrarão de tamanho nos três primeiros meses de gravidez. Esse crescimento rápido às vezes chega a provocar uma ligeira dor. A inundação de hormônios também age sobre a pele. Ela tende a ficar mais hidratada e iluminada. Às vezes, bem mais oleosa, tanto assim que algumas gestantes apresentam acne.

Outro efeito não tão agradável na pele é o surgimento de cloasmas gravídicos. São manchas escuras nas maçãs do rosto, formadas por uma concentração de melanina, o pigmento natural que nos dá cor. Ocorre que, na gravidez, sua produção é disparada. Para evitar manchas, a grávida precisa usar filtro solar sempre. Não importa se o dia está ensolarado ou nublado. Em seu estado, com a melanina a mil, qualquer radiação solar será o estopim de cloasmas. Aliás, para reforçar a proteção, o ideal seria – se for à praia, à piscina, enfim, se ficar sob o sol diretamente – usar sempre chapéu, viseira ou boné, ficar sentada sob tendas ou guarda-sóis e, de preferência, naqueles horários em que a radiação dá uma trégua, ou seja, antes das 10 horas da manhã e depois das 15.

Os cabelos são uma história à parte. Normalmente, eles crescem, ficam estabilizados por um tempo e caem. Mas, na gestação, quando os hormônios femininos imperam, os fios praticamente só crescem. Por isso, a cabeleira de quem está grávida fica mais bonita, volumosa, brilhante. Só que, claro, isso é temporário. Quando o bebê nasce e os níveis hormonais voltam ao normal, os cabelos que cresceram ao longo dos últimos nove meses tendem a cair. Às vezes, a queda é tão intensa que as novas mamães se assustam, achando que algo de errado está ocorrendo. Não há nada para se preocupar porque é assim mesmo: os cabelos crescem mais na gravidez e caem depois. Isso é absolutamente normal.

Assista à aula completa:

Olhar de grávida

Alguns oftalmologistas são capazes de diagnosticar uma gravidez antes mesmo do ginecologista! Isso porque, na gestante, a curvatura do olho muda. E, outra vez, por causa da ação dos hormônios. Essa alteração provoca dificuldades de adaptação a lentes de contato, por exemplo. Após o parto, os olhos voltam a ter a curvatura do passado.

Dores e cólicas

É comum, logo no início da gestação, sentir cólicas e leves puxões na barriga. Isso porque o útero está crescendo rapidamente. Antes de engravidar, esse órgão tinha o tamanho de um punho fechado. Mas com três meses de gravidez já está do tamanho de uma manga-rosa, aproximadamente!Como se tudo isso fosse pouco, os hormônios ainda agem na mente. Eles deixam a mulher menos focada. Fica mais difícil para ela se concentrar em uma tarefa — é como se vivesse mais distraída. Mas, na verdade, é quase o oposto. Ela se torna mais alerta, prestando atenção em tudo o que está ao seu redor no ambiente — e não necessariamente só no que está à sua frente. É uma estratégia de proteção criada pela natureza, como se a grávida olhasse para todos os lados, o tempo todo, para proteger o bebê.

Outro mecanismo de defesa é a ensibilidade do olfato e do paladar. Na natureza, em geral tudo o que é tóxico tem gosto ou cheiro fortes. Por isso, a grávida tende a rejeitar qualquer sabor ou odor mais intensos. E é comumainda que seu organismo peça mais alimentos que são energia pura, como arroz, pão, macarrão, batata. Afinal, ele precisa mesmo de muita energia para formar o embrião. Quando essa fase inicial termina, na 12ª semana, o apetite costuma voltar ao normal.

Continua após a publicidade

Desde o início da gestação, a estrutura óssea também começa a se modificar. Ela precisa se adaptar para acomodar um bebê dentro do corpo e, ao final de nove meses, permitir que ele passe pela bacia. Para que isso aconteça, os ossos ficam mais maleáveis. As articulações terminam mais frágeis. Tudo isso, ainda por cima, afeta a noção de equilíbrio corporal. Por isso, as grávidas são mais sujeitas a entorses, por exemplo. E o recomendável é que evitem saltos altos.

Uma piscina dentro de você!

Com oito semanas de gestação, quando o embrião tem cerca de 1,5 centímetro, ele já se mexe — e como se mexe! Fica nadando dentro de uma bolsa cheia de líquido amniótico. No quarto mês, essa espécie de bexiga contém o equivalente a um copo cheio desse líquido — uma verdadeira piscina. Nessa fase, a placenta também já está pronta para assumir suas múltiplas funções. Além de ajudar a proteger a criança, ela se encarrega de sua oxigenação e nutrição.

A formação do bebê

Logo no comecinho, ainda por volta de três semanas de gestação, as primeiras células do sistema nervoso se diferenciam, formando as estruturas que darão origem ao cérebro e à medula do seu filho. Por volta da sexta semana, sangue, veias, artéria e o coração estão prontos. Músculos e cartilagem surgem e ficam aptos a crescer a partir da oitava semana.E, com 12 semanas, todos os demais órgãos dão o ar da graça – rins, pulmões, fígado… Tudo, a partir daí, só precisará crescer e amadurecer. 

Publicidade