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Medo de não amar o segundo filho da mesma forma que o primeiro

Pouco falado, o sentimento não é tão raro quanto se costuma imaginar. Entenda por que ele acontece e saiba o que fazer.

Por Carla Leonardi (colaboradora)
Atualizado em 23 jan 2023, 11h13 - Publicado em 18 nov 2016, 19h27

Você se emocionou com o positivo do teste de gravidez, comprou as primeiras roupinhas e se preparou para a maior novidade da sua vida: tornar-se mãe. E então quando aquele bebê tão pequeno e frágil nasceu, aconteceu uma explosão de sentimentos que talvez você nunca tivesse imaginado sentir. Conforme os meses foram passando, o seu amor por ele, construído a cada dia, só cresceu – e cresceu de um jeito que até parecia impossível de se repetir. Mesmo quando você viu, pela segunda vez, aqueles dois risquinhos no teste de farmácia.

“Muitas vezes, o amor que a mulher dedica ao primeiro filho é tão intenso e tão exclusivo que ela sente que não há nada mais importante no mundo do que aquela criança. Por isso, às vezes ela acha impossível conseguir amar outro ser tanto quanto aquele”, diz Rafaela de Almeida Schiavo, psicóloga perinatal com doutorado pela UNESP e professora na Universidade Paulista. E se pode parecer bobagem num primeiro momento, já que a ideia de amar um filho – seja ele o primeiro, o segundo, o terceiro… – é tão natural quando se fala em maternidade, vale lembrar que muitas mulheres não falam sobre o assunto por medo de não serem compreendidas.

“No geral, esses sentimentos aparecem no primeiro trimestre de gestação”, explica a especialista. Mas antes mesmo de uma nova gravidez se tornar realidade, até o planejamento de uma segunda criança na família pode mexer com o coração das mamães de filho único. A sensação de “dividir” o amor e de achar que o filho mais velho vai “perder” algo às vezes é tão recorrente, que se torna, de fato, um motivo para repensar a ideia de aumentar a família.

Embora esses pensamentos rondem a cabeça das mulheres, eles costumam ir perdendo espaço conforme o tempo passa e a segunda gravidez avança. “Na maioria dos casos, o segundo trimestre ajuda a afastar esses sentimentos, pois vai tornado o desconhecido mais conhecido. A mulher passa a atribuir características físicas e psicológicas ao bebê e, além disso, é nessa fase que se descobre o sexo dele, facilitando ainda mais o processo de aproximação desse filho e de construção de um novo amor”, afirma Rafaela.

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Portanto, o que se deve lembrar sempre é que um novo filho é igual a um novo amor. Não é a divisão de um sentimento ou algo que vai faltar ao mais velho. Claro que quando o recém-nascido chegar em casa, a atenção vai ficar um pouco dividida, pois ele vai demandar muito mais de você porque ainda precisa de assistência o tempo todo. Mas essa é só uma fase que vai passar conforme ele for se desenvolvendo. E não é porque o nascimento de uma criança não é mais novidade na sua vida que as expectativas serão menores ou menos importantes. “Ser mãe de um filho é diferente de ser mãe de dois ou mais, assim como ser mãe de menino é diferente de ser mãe de menina e por aí vai. Cada gravidez é única, assim como cada filho”, lembra a psicóloga.

De qualquer forma, o importante é compartilhar esses sentimentos, sem se sentir julgada por isso. Falar é sempre o melhor caminho, principalmente quando o medo de não amar o segundo filho da mesma forma que o primeiro chega até o terceiro trimestre de gestação – ou quando ele é muito intenso, levando a mulher a um sofrimento psíquico. “Fazer um pré-natal psicológico é bacana, pois o psicólogo pode fazer uma avaliação melhor do caso e, se for necessário, oferecer atendimento psicoterápico. Se não for preciso, apenas o acolhimento e a orientação são suficientes”, esclarece Rafaela. A especialista ainda faz um alerta: “Se esses pensamentos se tornaram constantes, impedindo a mulher de pensar ou de fazer outras coisas, ela não deve esperar os trimestres avançarem para procurar um profissional, já que a manifestação desse sentimento pode ser um sintoma de ansiedade, depressão, entre outros”.

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