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Irmãos são os maiores transmissores de coqueluche para bebês, aponta estudo

De acordo com pesquisa americana, ao contrário do que se pensava, os principais responsáveis por propagar essa doença respiratória não são as mães.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 28 out 2016, 03h57 - Publicado em 9 set 2015, 14h28

Coqueluche é coisa séria. A enfermidade provocada pela bactéria Bordetella pertussis atinge crianças, adolescentes e adultos. Nos mais velhos, os sintomas são parecidos com os de um resfriado comum, mas no sistema imunológico ainda imaturo dos pequenos (especialmente aqueles que não completaram 1 ano de idade) o estrago causado por esse micro-organismo é grande. No corpo, ele invade as vias respiratórias e produz uma secreção que pode se acumular nos pulmões e nos brônquios, provocando febre, coriza, tosse, chiado no peito e, em quadros mais graves, pode evoluir também para uma pneumonia, complicações neurológicas e hemorrágicas e até mesmo levar à morte. E o pior: o número de casos vem crescendo em diversas regiões do Brasil desde 2011, segundo o Ministério da Saúde. Para se ter uma ideia, só em 2013 foram mais de 6 mil registros da doença em todo o país.

A transmissão se dá por meio do contato com gotículas eliminadas quando a pessoa doente tosse, espirra ou fala. Em geral, sabe-se que, nos casos dos bebês contaminados, os principais responsáveis por esse processo são as mães, que muitas vezes não tomam o reforço da vacina contra a coqueluche quando adultas. No entanto, segundo um estudo recém-publicado no jornal científico Pediatrics, as crianças estão mais propensas, na verdade, a serem contaminadas por seus irmãos mais velhos, já em idade escolar.

Para chegar a essa conclusão, um time de cientistas – liderado por experts do Centro para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos – selecionou, entre 2006 e 2013, 1 306 casos de coqueluche infantil. A maioria dos pacientes infectados tinha menos de 2 meses de vida. Ao final da investigação, os pesquisadores notaram que membros da família eram os responsáveis pela transmissão em 66,1% dos episódios. Dentro de casa, os irmãos disseminavam a bactéria em 35,5% das vezes; as mães representavam 20,6% das contaminações e os pais, apenas 10%.

A importância da vacinação

De acordo com os autores do levantamento americano, esses resultados reforçam a necessidade de todos os familiares se vacinarem contra a coqueluche – os irmãos, os bebês e os pais. Essa recomendação se torna ainda mais urgente para as gestantes. Isso porque a primeira dose da vacina é dada apenas quando o pequeno completa 2 meses. Antes disso, ele fica totalmente desprotegido. Mas, se a mãe tomar um reforço do imunizante no último trimestre da gravidez (período em que ela mais passa anticorpos para o filho), a criança estará blindada contra a Bordetella nos primeiros meses de vida.

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A vacina

A vacina contra a coqueluche é a tríplice bacteriana, que protege também contra tétano e difteria. No Brasil, a rede pública disponibiliza a versão tradicional (DTPw) e, no sistema privado, é possível encontrar a versão acelular (DTPa), que possui a mesma eficácia, mas os efeitos adversos são mais sutis. As três primeiras doses são dadas, respectivamente, aos 2, 4 e 6 meses de vida. Depois, a criança recebe um reforço entre os 15 e 18 meses de vida e aos 5 anos de idade. Uma última aplicação ocorre quando ela completa 10 anos. Como o efeito não dura muito tempo, a orientação é que, a partir da adolescência, a pessoa seja novamente imunizada a cada dez anos.

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