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Acne na gravidez: como cuidar da pele durante os nove meses

A gestação é uma fase de alterações hormonais, metabólicas e vasculares e, como todos os tecidos do corpo, a pele também sofre o impacto dessas mudanças.

Por Luciana Fuoco (colaboradora)
Atualizado em 3 fev 2017, 15h03 - Publicado em 8 jun 2015, 14h07

Os médicos são unânimes: a acne na gravidez costuma ser de evolução imprevisível. Apesar de ocorrer uma hiperatividade das glândulas sebáceas nesse período, o problema não é frequente. Pelo contrário, algumas mulheres chegam a relatar melhora nas condições da pele. Isso se deve ao fato de a doença ser multifatorial, ou seja, um conjunto de aspectos hereditários, genéticos e hormonais é que determinam a predisposição da mulher a apresentá-la.

Ainda assim, a gangorra hormonal está entre os principais culpados por um rosto cheio de espinhas. Os níveis de estrógeno e progesterona aumentam no decorrer dos nove meses, atingido níveis 10 e 30 vezes maiores, respectivamente. Os hormônios em questão são essenciais para o desenvolvimento fetal e são levados pela corrente sanguínea até a placenta. “Essas substâncias influenciam significativamente a pele, melhorando sua textura e conferindo um aspecto mais macio e hidratado, além de promover uma mudança da pigmentação, com aparecimento de pintas, sardas e manchas”, explica a dermatologista Danielle Gomes e Souza, da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Associação Médica Brasileira. “Mas, especificamente no que se refere à  acne, os estudos mostram que a ação hormonal é totalmente imprevisível”, esclarece. Além disso, é importante considerar a variação de sensibilidade de uma gestante para a outra e lembrar que cada  gravidez tem características diferentes em uma mesma pessoa.

Para quem a acne resolveu atormentar nessa etapa da vida, o conselho é ter paciência. O consolo é que, durante o período de amamentação, tudo começa a voltar ao normal. “Logo após o parto, os níveis hormonais caem rapidamente, embora algumas alterações cutâneas possam persistir por algum tempo. Normalmente, em seis meses a pele volta a ser como era antes”, explica o ginecologista e obstetra José Carlos Sadalla, do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.

Fique de olho
A acne acomete, principalmente, a face, o pescoço e o tronco (colo e dorso), que são as regiões com maiores glândulas sebáceas. Recentemente, inúmeros estudos científicos têm demonstrado a associação do aparecimento de espinhas com o consumo de certos alimentos. A principal influência se dá na produção do sebo, tanto em relação à sua quantidade quanto à qualidade. Os alimentos que induzem um rápido aumento da glicose no sangue, ou seja, com alto índice glicêmico, irão elevar o nível de insulina e de fatores de crescimento que, por sua vez, modificam a produção de gordura pela pele, levando a oleosidade às alturas. Na lista de promotores do efeito casca de laranja estão: pão branco, batata, biscoitos, mel, uva, manga, bolos, cereal matinal, farinhas (milho e mandioca). “A gestante que quiser controlar o surgimento da acne, por meio de uma dieta adequada, deve buscar o auxílio de um especialista em nutrição gestacional”, aconselha Sadalla.

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“A exposição solar deve ser evitada, pois o calor e a umidade podem agravar o quadro, além de favorecer o surgimento de manchas sobre as lesões”, alerta a dermatologista Magda Exposito, do Hospital Santa Catarina, em São Paulo. “Por esses motivos, a gestação requer o uso frequente de protetor solar. A grávida com espinhas e pele oleosa deve utilizar protetores livre de óleo (oil-free), com um bom fator de proteção solar contra UVB (FPS) e UVA (PPD). Pela normatização da Organização Mundial de Saúde (OMS), o FPS deve ser de 30, no mínimo, e o PPD de 1/3 do FPS, ou seja, 10”, completa.

Pode ou não pode?
Uma das maiores dúvidas que pairam sobre a cabeça das grávidas  é o que ela pode ou não fazer, nesse período. Por ser uma fase delicada, alguns produtos são realmente proibidos, mas é possível, sim, cuidar da sua pele de forma efetiva e sem perigo para o bebê.

Devido à maior vulnerabilidade das gravidinhas a lesões cutâneas, todo procedimento traumático deve ser evitado. A limpeza de pele pode ser indicada, porém, é importante que um dermatologista faça uma avaliação prévia. “A realização de peelings químicos, como o de ácido retinóico, não é recomendada”, enfatiza Danielle.

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O modo de higienização ideal vai depender do seu tipo de pele: seca, normal, mista ou oleosa. Em todos os casos, deve-se optar por sabonetes específicos para o rosto. Vale reforçar que os produtos próprios  para pele normal estão liberados, já as fórmulas para peles oleosas devem ser prescritas pelo dematologista, já que costumam conter algumas substâncias proibidas para quem espera um bebê. Da mesma forma, as loções tônicas e adstrigntes também requerem orientação.

Outro alerta importante: no processo de desenvolvimento de uma nova droga, os testes nem sempre incluem mulheres grávidas. Como consequência, a segurança do uso da maioria dos medicamentos não foi devidamente avaliada. No tratamento da acne, as drogas contra-indicadas são a isotretinoína oral e os antibióticos da classe das tetraciclinas. Entre os tópicos, está o ácido salicílico. “Para os demais, o critério médico deve ser a análise de risco versus benefício”, finaliza.

Fontes:

Dermatologista Danielle Gomes e Souza,da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Associação Médica Brasileira; ginecologista e obstetra José Carlos Sadalla, Hospital Sírio Libanês, em São Paulo; dermatologista Magda Exposito, do Hospital Santa Catarina, em São Paulo.

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