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Proteção solar para bebês

Entenda por que o uso do filtro é prejudicial nos primeiros seis meses de vida e saiba como proteger a criança do sol, sem comprometer a tranquilidade e a diversão das férias.

Por Lila de Oliveira (colaboradora)
Atualizado em 22 out 2016, 17h53 - Publicado em 14 Maio 2015, 13h33

Com a aproximação do verão, a tentação de correr para a praia ou para a piscina é grande, mas será que os pequenos já são capazes de suportar as altas temperaturas? Para os especialistas, o ideal é evitar a exposição ao sol antes de o bebê completar meio ano de vida, já que somente a partir dessa idade o uso do protetor solar é liberado.

A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve-se ao fato de que, por ser mais fina, sensível e permeável, a pele do bebê que ainda não completou seis meses está sujeita à intoxicação pelas substâncias químicas dos fotoprotetores.

Alternativas
De acordo com a coordenadora de pediatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Silmara Cestari, a fotoproteção dos recém-nascidos precisa ser garantida por chapéus e roupas apropriadas, como as de algodão e linho, preferencialmente em cores claras. A médica destaca que, no mercado brasileiro, já é possível encontrar peças feitas a partir de um tecido que diminui significativamente a penetração da radiação solar. Segundo ela, o guarda-sol não serve como alternativa. “Ele não oferece proteção adequada, pois o reflexo do sol na areia e no piso da piscina também atinge a pele”, diz.

Para o pediatra Sylvio Renan Monteiro de Barros,autor do livro Seu bebê em perguntas e respostas – Do nascimento aos 12 meses, é importante que essas roupas não fiquem muito justas no corpo, de modo a facilitar a circulação de ar.

Verão dentro de casa?
A pediatra Filumena Gomes, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, afirma que não é necessário se trancar em casa com a criança para esperar as temperaturas baixarem – inclusive porque o sol é essencial para a síntese de vitamina D, responsável pela absorção e fixação do cálcio. Ela explica que, neste primeiro semestre, 10 minutos diários de exposição, antes das 10 horas ou após as 16, são suficientes.

Para Silmara, a exposição pode ir aumentando gradativamente, até chegar a 30 minutos por dia. No início, recomenda-se manter apenas as pernas fora da área sombreada. “Aos poucos, é bom expor, também, os braços e o tronco. A cabecinha deve se manter protegida”, ensina.

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Todo cuidado é pouco
Segundo o dermatologista Marcos Bonassi, de São Paulo, a ocorrência de bolhas e queimaduras graves durante a infância eleva o risco de câncer de pele na vida adulta. A superexposição aos raios também acelera o processo de envelhecimento da pele e o calor predispõe os pequenos a problemas como brotoejas e desidratação.

Viagens de carro em dias muito quentes, por exemplo, demandam cuidados extras, especialmente se o veículo não possui ar condicionado ou se um dos passageiros não se adapta bem a ele. Realize paradas frequentes, evite a incidência da radiação no bebê, vista-o com roupas leves e ofereça bastante líquido a ele.

Indesejável coceira
“O calor e a umidade podem levar à obstrução dos dutos das glândulas sudoríparas, fazendo surgir pequenas pápulas avermelhadas, as famosas brotoejas”, informa Filumena. “Elas aparecem principalmente nos bebês e vêm acompanhadas de coceira.”

Para eliminar o incômodo, os especialistas costumam prescrever anti-inflamatórios tópicos, a ingestão de líquidos e a utilização de roupas leves. “Outras dicas são evitar locais quentes, úmidos e pouco arejados e refrescar o nenê com banhos frios ou mornos.”

Hidratar sempre
Assim como o corpo do adulto, o do recém-nascido precisa permanecer hidratado. A diferença é que o bebê troca mais calor com o ambiente, o que oferece o risco de desidratação, conforme esclarece Filumena. Mudanças comportamentais, como irritabilidade e apatia, podem ser sinais de que ele está desidratado – e que, portanto, você deve procurar ajuda profissional imediatamente. O corpo da criança costuma ter diferentes reações ao problema, tais como vômitos, diarreia, ausência de lágrimas durante o choro, afundamento da moleira, palidez, resfriamento dos pés e das mãos, ressecamento dos lábios e escurecimento da urina, que pode, ainda, apresentar odor forte.

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O primeiro protetor
No segundo semestre de vida, as características da pele do bebê já se aproximam das do adulto. “Sua capacidade de eliminar as substâncias químicas presentes no filtro solar aumenta e, por isso, os pais já podem lançar mão do produto”, constata Barros.

A partir daí, é necessário atentar-se a detalhes referentes à composição dos fotoprotetores. As versões infantis, geralmente, não contêm substâncias com potencial alérgico, porém, é sempre bom checar o rótulo para se certificar de que o filtro é hipoalergênico.

De acordo com Filumena, os protetores destinados à faixa etária de seis a 24 meses são os físicos, encontrados na forma de creme, e que formam uma verdadeira barreira contra a radiação. “Somente após os dois anos é recomendado o uso de filtros químicos”, diz. O fator de proteção solar – muitas vezes representado apenas pela sigla FPS – deve ser, de preferência, entre 30 e 50. “Mas, o fator 15 já é eficaz”, atesta Silmara, que recomenda índices maiores quando o nível de exposição solar for mais alto, como em viagens de barco, por exemplo.

Vale destacar que, se o contato com a radiação for frequente ou prolongado, o produto tem que ser aplicado mesmo se a criança não estiver na praia ou na piscina.

Aplicação
Deve-se passar o fotoprotetor pelo menos 30 minutos antes da exposição solar, ainda sem roupa, para que não restem áreas desprotegidas. Entre as partes do corpo que merecem maior atenção, estão a face, o tronco e os membros. “É importante não se esquecer das orelhas, do pescoço e do dorso das mãos e dos pés”, ressalta Silmara. Para os lábios, a melhor opção, na opinião da especialista, é o protetor em bastão. A reaplicação precisa ser feita a cada hora ou quando houver longa permanência na água.

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Mesmo que todas essas recomendações sejam seguidas à risca, os horários considerados mais seguros para o banho de sol têm que ser respeitados, já que o filtro não confere 100% de proteção à pele.

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