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Por falta de estrutura, mãe é impedida de amamentar bebê internado em UTI

Pedro, de apenas 2 meses, está internado há dez dias com um infecção grave. Porém, por problemas administrativos, não pode receber a melhor proteção para sua saúde: o leite materno.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 20 jul 2017, 19h48 - Publicado em 25 Maio 2016, 14h54

No último dia 14 de maio, a empresária Joana Ciampolini levou o seu filho mais novo, Pedro, de apenas 2 meses, ao pronto-socorro do Hospital Santa Catarina, em São Paulo. O pequeno foi diagnosticado com bronquiolite, uma inflamação pulmonar provocada, na maioria das vezes, pelo vírus sincicial respiratório (VSR) – o principal causador de doenças respiratórias em crianças menores de 2 anos de idade. O quadro é grave, e o bebê precisou ser internado na UTI pediátrica, onde está até agora.

No dia seguinte à entrada na unidade de terapia intensiva, Joana foi avisada de que seu filho precisaria ser alimentado com leite artificial. A mãe se opôs, pois além de o menino ainda ser amamentado apenas no peito, ela sabe que o leite materno está cheio de nutrientes e anticorpos que fortalecem o sistema imunológico, aumentando a proteção do seu bebê. Mas os médicos disseram que dar de mamar a Pedro não seria possível. Isso porque, segundo a administração do hospital, não havia um local adequado para manipular o leite materno com segurança, já que a sala de ordenha da instituição foi fechada no início de 2015, junto com a maternidade. “Eu disse a eles o quanto aquilo era absurdo. Se eles têm uma técnica em nutrição que mistura o leite artificial em água, por que seria mais arriscado oferecer o leite que sai pronto do meu peito?”, disse Joana, em entrevista ao blog Ser mãe é padecer na internet, do jornal O Estado de S. Paulo.

A situação do pequeno Pedro continuou a se agravar: após a internação, ele desenvolveu uma infecção secundária e precisou até de uma transfusão de sangue. E ainda assim, Joana não pode oferecer o peito ao seu filho. Para completar, ela tem outra preocupação: que a produção do seu leite diminua devido à falta de sucção. “Todos os médicos com os quais converso aqui concordam que seria o melhor para ele e os demais (há outros bebês internados) e explicam que antes de acabarem com o lactário eles recebiam leite materno, sim”, escreveu a mãe em um post em seu Facebook.

A situação indignou outras mulheres. Até na última segunda-feira (23), a Casa da Borboleta – um espaço de apoio ao parto humanizado, à amamentação e à maternidade e paternidade ativa – organizou um mamaço em frente ao Santa Catarina. Joana e outras mulheres participaram da manifestação. E a iniciativa teve retorno: o hospital afirmou que pretende reconstruir a sala de lactação em seis meses e que essa medida já estava prevista no plano diretor de investimento.

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“O prazo para implantação acontece porque – para os hospitais que se propõem a oferecer o espaço – é necessário atender exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e a Resolução RDC Nº de 171, de 4 de Setembro de 2006, onde constam as recomendações técnicas capazes de garantir a manutenção das características imunobiológicas e nutricionais dos produtos”, disse o hospital em nota. “O não atendimento dessas premissas, segundo a literatura científica, resulta em infecções associadas ao leite materno, em geral, relacionados ao processo (incluso bombas de sucção contaminadas e manipulação)”, alertou a instituição.

Outro lado

O Santa Catarina declarou que tem a humanização como um de seus valores e que entende a importância do aleitamento materno. O hospital garante que todas as crianças que não estão em ventilação mecânica e sedação, mesmo dentro da UTI pediátrica, recebem amamentação natural. “Por fim, o Hospital Santa Catarina reforça que preza pelo atendimento humanizado, pela segurança de seus procedimentos e de seus pacientes e que não descumpre qualquer norma vigente”, afirmou a instituição. 

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