Continua após publicidade

“O casamento após o nascimento do primeiro filho: minha experiência”

Confira o relato de uma mãe que fala sobre o que mudou no seu relacionamento amoroso depois que o bebê nasceu.

Por Luísa Massa
Atualizado em 22 out 2016, 19h35 - Publicado em 11 jul 2016, 10h43

Karla Couto, 31 anos, é mãe do Vinicius, de 1 ano e 7 meses, bióloga, Doutora em Genética e idealizadora do Instagram Meu Olhar Materno. Aqui, ela fala sobre a difícil tarefa de reservar um tempo para o casamento depois que os filhos nascem.

“Eu sempre quis ser mãe, mas tinha para mim que a maternidade teria que vir na hora certa. Me casei aos 25 anos e eu e o meu marido nos programamos para ter um filho quatro anos depois do casamento. Deu certo e eu engravidei no início de 2014! O Vinicius foi um bebê desejado e chegou no momento em escolhemos.

Acho que, principalmente por termos planejado tudo, o meu marido sempre foi muito participativo e preocupado. Ele acompanhou toda a gestação e, na medida do possível, compareceu aos exames e consultas médicas. O Marcelo estava sempre do meu lado e o principal apoio que senti dele foi quando decidi que tentaria o parto normal. Ele foi prestativo, me respeitou e disse que quem deveria tomar a decisão era eu, que ele me apoiaria tanto em uma cesárea quanto em um parto normal. O meu trabalho de parto durou 23 horas e foi bem cansativo. Pensei em desistir, pedi para fazer cesárea algumas vezes, mas o meu marido estava comigo o tempo todo, segurando a minha mão e dizendo que tudo daria certo. Ele também cortou o cordão umbilical e foi a primeira pessoa que pegou o Vinicius no colo!

Depois que o pequeno nasceu, muita coisa mudou no casamento. O assunto entre nós começou a ter uma pauta única: filho, fralda, cocô e por aí vai. Nos primeiros meses, os momentos a dois eram escassos. A privação de sono e o cansaço atrapalhavam bastante, mas fui vendo que sentia falta de estarmos juntos e, aos poucos, fomos encontrando um tempo para nós e passamos a valorizá-lo ainda mais. Especialmente nos primeiros três meses de vida, o bebê demanda muita atenção, ele muda a rotina da casa, mas nós sabíamos que isso aconteceria. Daí porque criamos alternativas e buscamos meios para que a nossa relação entre marido e mulher não se perdesse nessa loucura toda do puerpério.

Continua após a publicidade

Desde que engravidei, eu tinha em mente que o meu marido deveria ser participativo. Eu não queria ser uma mãe que acha que só ela consegue fazer e só ela sabe cuidar. Disse para o Marcelo que nós dois aprenderíamos tudo juntos. Não fizemos cursos para gestantes e pais, pois queríamos aprender na prática e de uma forma intuitiva, do nosso jeito. E assim foi. Eu e o meu marido demos o primeiro banho no Vinicius e desde o primeiro dia nos revezávamos nas atividades diárias – a amamentação era a única demanda exclusivamente minha. Por mais cansada que eu estivesse, eu fazia questão de reservar um momento para ficar com o Marcelo, de estar ao seu lado, de ver um filme, de jantar e de me dedicar à relação porque o casamento precisa disso.  

Eu digo para as minhas amigas que os bebês são seres extremamente dependentes, mas dependentes de adultos que cuidem deles. É claro que o afeto materno e tudo o que uma mãe pode fazer para o filho são coisas muito importantes, mas precisamos lembrar que as responsabilidades que uma criança exige não são exclusivas da figura materna – por exemplo, os avós podem dar carinho e o pai deve estar presente. Acho que se a mãe estiver totalmente esgotada, ela não conseguirá passar coisas boas para o bebê. Eu sempre tive em mente que eu precisava estar descansada e de bem comigo, para que eu conseguisse ser uma boa mãe para o Vinicius. Aceitar a ajuda dos familiares, dos padrinhos, dos tios ou de quem mais puder é essencial!

Acho que ter esse pensamento também se deve ao fato de que eu e o meu marido sempre fomos um casal com a vida social ativa. Viajamos muito, fazíamos passeios, fomos a vários restaurantes. Inclusive, essa era uma coisa que nossos amigos questionavam: como lidaríamos com isso quando tivéssemos filho. É claro que com um bebê de três meses você não consegue fazer uma viagem internacional de 20 dias e nós tínhamos essa consciência, sabíamos que teríamos que dar uma pausa nessa vida agitada e que retomaríamos isso em algum momento, de outra maneira. Hoje, nós moramos em Salvador e nossa família em Minas Gerais. Isso agrava um pouco mais a situação porque nem sempre temos com quem deixar o Vinicius, mas quando uma avó ou outra pessoa de confiança está por aqui, nós damos uma fugidinha, tiramos um tempo para ir ao cinema ou fazer um jantar romântico e voltamos revigorados e mais dispostos para exercermos o papel de pai e mãe.

Continua após a publicidade

Um pouco antes de o Vinicius completar um ano, eu e o meu marido programamos uma viagem, que seria a primeira depois que o pequeno nasceu. Nós iríamos passar uma semana em Bonito, então, deixaríamos o filhote em Minas com os avós e partiríamos para o destino escolhido. Coincidentemente, um dia antes de viajarmos, o pequeno ficou doente. Prontamente nós cancelamos o passeio porque o nosso filho está sempre em primeiro lugar. A primeira vez que ele realmente adoeceu, teve febre acima de 38 graus, ficou prostrado e foi para o hospital fazer exames foi quando nós programamos a primeira viagem sem ele. Ela foi cancelada, mas nós não desistimos de passearmos e, recentemente, viajamos sem ele por 9 dias.

Eu precisava desse momento porque queria tirar férias do meu filho. Muitas pessoas me olhavam com reprovação quando eu mencionava isso e falavam: “coitadinho do Vinicius!”. E eu respondia: “mas por quê? Ele está bem, feliz, curtindo a avó. Eu vejo vídeos e fotos”. O meu trabalho é o meu filho, eu sou mãe em tempo integral, as minhas férias são férias dele, dessa rotina que é, muitas vezes, cansativa e cheia de horários. Eu queria ter esse tempo para me lembrar um pouco de como era a Karla sem o Vinicius e de como eram as viagens do Marcelo e da Karla antes de ele nascer. Deu tudo certo e foi maravilhoso! Eu e o meu marido conseguimos nos desligar, pois eu sabia que ele estava bem e eu me senti renovada!

No final da viagem, eu me surpreendi comigo mesma e com a minha tranquilidade. É claro que eu estava morrendo de saudades do Vinicius, mas eu também estava com muitas saudades de curtir a vida a dois, de não ter rotina e demandas diárias. Para fazer isso, eu me preparei antes mentalmente, trabalhei o meu psicológico e me permiti viver. Eu não quis me sentir culpada por estar tendo aquela experiência e por estar gostando! Algumas amigas me dizem que quando fazem passeios sem os filhos não conseguem aproveitar, mas eu acho que isso acontece porque elas sentem culpa por estarem curtindo. O que eu recomendo para todas as mães é que elas reservem um tempo para ficar com elas mesmas e para se dedicarem ao casamento – independente se há condições de fazer uma viagem. Às vezes deixar a criança com alguém e dar uma volta é muito bom! Valorize esse momento, lembre-se da mulher que você é, que ainda existe e está escondida atrás das noites sem dormir e das olheiras – acredite: ela ainda está aí, dentro de você!”

Publicidade