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Estudo aponta que pais de meninas tratam filhas de modo diferente

Os comportamentos e as atitudes de pais estariam condicionados ao gênero da criança.

Por Laís Barros Martins
31 Maio 2017, 19h51

Um estudo sobre o papel que noções inconscientes de gênero podem ter na criação dos pequenos, feito pela Universidade Emory, nos Estados Unidos, confirmou o que o senso comum já apontava: pais de meninas são mais atentos às suas filhas e atendem mais rapidamente aos seus apelos do que pais de meninos.

Segundo os resultados publicados no periódico científico Behavioral Neuroscience, o gênero de um filho afeta sobremaneira no comportamento e nas atitudes do pai em sua relação com a criança quando ela ainda é pequena. Para chegarem a essa conclusão, os pesquisadores monitoraram as interações de 30 pais de meninas e 22 pais de meninos entre 12 e 36 meses de idade.

Esse acompanhamento foi realizado com o auxílio de um gravador, quer era acionado aleatoriamente por 50 segundos em períodos de nove minutos – tanto durante um dia de semana quanto aos fins de semana. O experimento também registrou outros dados importantes:

  • Os pais cantavam mais para as meninas do que para os meninos;
  • Os pais falavam mais abertamente sobre emoções com as meninas, usando com mais frequência palavras associadas à tristeza, como “choro”, “lágrimas” e “solidão”;
  • Os pais de meninos se engajavam mais em brincadeiras de luta e diziam palavras mais ligadas a realizações e proezas, como “orgulho”, “vitória” e “superior”;
  • Os pais de meninas responderam ao chamado delas mais do que os pais de meninos.

O trabalho também investigou se as diferentes maneiras que os pais tratavam filhos e filhas tinham alguma relação com o modo como o cérebro responde a crianças do sexo masculino e feminino. Então, os cientistas submeteram os participantes a exames de ressonância magnética funcional, que aponta quais áreas do cérebro ficam mais ativas quando expostos a fotos de um adulto desconhecido, de uma criança desconhecida e dos próprios filhos com expressões faciais de felicidade, tristeza ou neutras. Os resultados indicaram que:

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  • Os pais de meninas tiveram respostas mais fortes às imagens delas com expressões de alegria em regiões do cérebro importantes para o processamento visual, recompensa, regulação das emoções e processamento de faces do que os pais de meninos;
  • Os pais de meninos reagiram mais fortemente às imagens dos filhos com expressões faciais neutras – o que demostraria ambiguidade emocional;
  • Não houve diferença significativa na maneira como os cérebros dos pais de meninas e de meninos responderam às imagens de seus filhos tristes.

Equilíbrio nas brincadeiras pode ajudar no desenvolvimento emocional

Diante desses achados, os estudiosos fizeram duas recomendações importantes às famílias, para que elas deixem de reforçar estereótipos de gênero. A primeira delas é para que os pais de meninos também deem abertura para que eles expressem as suas emoções, assim como fazem com as meninas – o que gera maior empatia entre pais e filhos. E, em relação aos pais de meninas, a orientação dos autores da pesquisa é para que eles se engajem em mais atividades com elas, mesmo que estas brincadeiras estejam mais associadas a meninos. Afinal, o sexo da criança não deve limitar o comportamento, os momentos de lazer ou as relações que elas estabelecem com seus cuidadores e pessoas ao seu redor.

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