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“Como foi planejar o segundo filho e me ver grávida de trigêmeos”

Conheça a história de Michele Kaiser, que pulou de uma única filha para uma família com quatro crianças.

Por Carla Leonardi (colaboradora)
Atualizado em 31 jan 2017, 10h07 - Publicado em 23 jan 2017, 18h39

Depois de três anos de casados, Michele Kaiser e seu marido decidiram que era a hora de se tornarem pais. Após um tratamento para endometriose, veio ao mundo a pequena Mônica e, quando ela tinha 1 ano e 6 meses, o casal recomeçou as tentativas para engravidar novamente e dar à filha um irmãozinho. E se surpreenderam quando descobriram que tinha não apenas um bebê a caminho, mas três: Marcelo, Murilo e Matheus. Aqui, Michele, hoje com 34 anos, conta como foi essa descoberta e como lida com a maternidade múltipla.

“‘Os três são seus? A menina também?’. Sim. Eu tenho quatro filhos. Nunca pensei que responderia a essas perguntas porque jamais havia imaginado que eu teria quatro crianças sob minha responsabilidade. Sempre sonhei em ser mãe, mas nunca havia sequer pensado que um dia eu teria quatro filhos.

O plano era ter dois. De preferência um casal. Éramos bem jovens quando casamos, eu tinha 23 anos e ele tinha 27. Quando tínhamos três anos de casados, achei que estava na hora de termos nosso primeiro bebê. Foi quando descobri que tinha endometriose e busquei tratamento. Foram dois anos de tentativas até conseguir engravidar naturalmente. Nasceria Mônica, em 2011.

Quando Mônica tinha 1 ano e 6 meses, recomeçamos as tentativas com o objetivo de dar um irmãozinho a ela. No segundo mês eu já me descobri grávida. Ficamos muito felizes, pois, dessa vez, tudo havia sido rápido e não havíamos passado por toda aquela frustração da vida de tentante. Mas mal sabíamos o que estava por vir.

Com cerca de seis semanas, fiz minha primeira ecografia da segunda gestação. Logo no início do exame já foi possível visualizar dois sacos gestacionais. Fiquei pasma e não consegui entender o que estava acontecendo! Quando a médica confirmou que eram gêmeos, meu marido e eu nos olhamos totalmente em estado de pânico! Eu queria mais UM filho, ter mais dois não estava nos planos! Ao me ver incrédula, a médica nos orientou a repetir o exame em 10 dias, afinal, ainda não havia sido possível ouvir batimentos cardíacos e todas as gestações de gêmeos são consideradas ‘de risco’.

Passados cerca de 10 dias e o susto, fomos fazer a segunda ecografia. Expliquei ao médico que estava ali para confirmar se havia mesmo dois embriões, mas nesse momento nós já estávamos nos acostumando com a ideia de termos gêmeos. O médico iniciou o exame e ficou num silêncio suspeito. Então ele explicou: ‘Olha, aqui nesse saco gestacional está tudo bem, há o embrião e a vesícula vitelínica. Só que nesse outro há dois embriões. Vocês estão esperando trigêmeos!’. Busquei meu marido com os olhos e comecei a rir. Achei graça. Senti um medo tão grande que ri de nervosismo. Meu marido estava mudo, em choque. Estávamos pulando de um filho para quatro!

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Sentaram-se um por cima do outro 😂

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Saímos de lá e começamos a telefonar para nossos pais e irmãos. Na consulta com minha obstetra, ela passou diversas recomendações, mas nunca me estressou. Sempre falou que era possível chegar até as 36 semanas se eu levasse a gravidez numa boa. Meus pais se mudaram para perto de mim para me ajudar. E minha vida mudou radicalmente.

Durante a gestação, fiz exames de ultrassom a cada 15 dias para acompanhar o desenvolvimento dos trigêmeos. Quando estava com 13 semanas, descobrimos que seriam três meninos. Fiz repouso absoluto a partir das 25 semanas – que foi quando parei de trabalhar. Durante o período do repouso, busquei muita informação sobre múltiplos e como criar trigêmeos. Tinha preocupação com as fraldas, a amamentação, o parto… Morria de medo de nascerem muito prematuros e ficarem muito tempo no hospital. Foi quando resolvi criar o blog Os Trigêmeos da Michele e comecei a contar a minha história. Outras mulheres grávidas de trigêmeos ou com filhos já crescidos começaram a trocar experiência comigo e isso foi o que me motivou a continuar.

Os meninos nasceram de 34 semanas via cesariana, no dia 4 de outubro de 2013. Pesaram cerca de 2 quilos cada um (2,070 kg; 1,950 kg e 1,990 kg). Precisaram ficar na UTI neonatal por apenas 15 dias e foram para casa já mamando no peito. Consegui amamentar até os seis meses, intercalando o seio e a fórmula infantil.

Trigêmeos da Michele

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Tenho dois meninos idênticos e um diferente, mas eles são muito parecidos. São ruivos, puxaram à mamãe! Desde o início usávamos pulseiras para identificá-los. Chegando em casa, a adaptação à nova rotina foi bastante difícil. Eu tinha três bebês recém-nascidos, mas também precisava cuidar da minha filha mais velha, que acabara de completar dois anos. Meus pais moraram com a gente até os meninos terem 1 ano e 3 meses. Eu tive uma babá nas madrugadas desde os dois meses até 1 ano e 3 meses. Essa mesma babá passou para o dia e está conosco até hoje.

Nossa rotina era muito desgastante! Imagine três bebês para mamar, três para dar banho, trocar a fralda e três bebês com cólicas? O carro esportivo foi trocado por um de sete lugares. A cada saída para um passeio era necessário levar oito mamadeiras, uma de leite e outra de suco para cada uma das quatro crianças. Por semana, tenho que cortar 80 pequenas unhas! Recentemente, conseguimos desfraldar os trigêmeos e estou feliz com a economia em fraldas.

Daqui a um mês eles começarão a ir para a escola que a Mônica já frequenta e essa será mais uma etapa vencida. Hoje, Marcelo, Murilo e Matheus estão com 3 anos e 3 meses e Mônica tem 5 anos e 5 meses. A rotina que impomos em casa faz com que possamos nos organizar para termos um tempo para nós dois como casal, nem que seja para ver um filminho juntos.

Muitas pessoas, quando me veem com quatro filhos, incluindo trigêmeos, me perguntam se dá muito trabalho. Me perguntam como dou conta. Na verdade, dá sim bastante trabalho, dá bastante despesa também. Mas eu prefiro focar no lado bom, prefiro levar a vida com uma atitude mais positiva. Muitas mães com um filho só têm dias difíceis. Nós também, mas o amor que sinto por meus filhos é maior que tudo. Aquele abraço coletivo que recebo, aquele grito de ‘mamãe’ quando chego do trabalho é o que me dá fôlego para seguir em frente”.

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