“A metamorfose do pós-parto”
Confira o relato de uma mãe que abriu o coração para contar o que enfrentou após o nascimento do seu filho.
Ariane Oliveira, 32 anos, é mãe do Gabriel, de 2 anos e 10 meses, nutricionista e idealizadora do blog 20 Minutos Pra Tudo. Aqui, ela fala sobre as coisas que ninguém conta sobre o pós-parto.
“Após nove meses de idealizações e expectativas, você tem um bebê nos braços e muitos sentimentos aparecem. Eles são causados pelos hormônios, cansaço, insegurança e medo de iniciar uma nova fase. Você se torna mãe e se pergunta: como devo começar?
Aconteceu exatamente isso comigo depois que o meu bebê nasceu. Eu o desejei como nunca havia almejado nada em minha vida! Ser mãe era a minha maior vontade, um grande sonho. Eu, que sempre fui uma pessoa destemida, que encarava tudo o que viesse pela frente, um dia percebi que estava perdida. Olhei nos olhos do Biel e questionei: “como eu vou conseguir cuidar dele? E se não der conta e fizer algo errado?”. Chorei demais! Muitas vezes, escondi esse sentimento porque algumas pessoas que estavam perto me falavam várias coisas pesadas como “se você chorar, o seu leite vai secar”, “o seu filho depende muito de você e você precisa ser forte”, “você tem um bebê saudável, lindo, perfeito, não tem motivos para derramar lágrimas”.
Durante o pós-parto, olhei várias vezes no espelho para tentar entender onde eu, Ariane, estava atrás daquelas olheiras enormes que me acompanhariam – e ainda me acompanham – por tanto tempo. Eu não sabia mais quem era! E aí vinha o choro, a culpa, o cansaço, as oscilações de humor. Ninguém me contou que tudo isso aconteceria depois que o meu filho chegasse. Só me disseram que ter um bebê iria mudar e tornar a minha vida maravilhosa. De certa forma, é claro que isso acontece, mas antes de chegar até esse patamar, você passa por uma metamorfose. E disso, poucas pessoas falam.
Comparo o meu período depois do parto ao ciclo de nascimento de uma borboleta. Primeiro, a gente é como uma lagarta, que vai se alimentando, preparando e crescendo. Planejamos, idealizamos, engordamos… Tudo faz parte. Depois, vem o parto, e é necessário criar o casulo e perceber que precisamos do nosso tempo para, como uma borboleta, sairmos e nos tornarmos mães. Acredite: essa partida te deixará infinitamente mais bonita do que quando você entrou, pois passou por um profundo processo de mudança e aprendeu que vai ser uma pessoa diferente. É um verdadeiro renascimento.
Eu precisei do meu casulo. Depois de chorar, de pensar que eu não havia nascido para ser mãe, de ter medo de tudo, de encarar a solidão nos primeiros meses, eu resolvi me entender e ter coragem para tentar, aceitar e conseguir. Assim, fui ganhando confiança, compreendendo os meus anseios, típicos de uma mãe inexperiente. Criei asas até me sentir segura.
Não posso me esquecer das inúmeras cobranças que geram a culpa, da busca pela perfeição e dos dogmas maternos que impõem felicidade absoluta. Se você teve um filho recentemente e está lendo esse texto do outro lado da tela, siga o meu conselho: ignore esses palpites. Eu precisei recuperar a minha autoconfiança, busquei ajuda, procurei ter um tempo só para mim – nem que fosse um banho de mais de dois minutos. Eu deixei as imperfeições de lado, aceitei a bagunça da casa, passei a dar valor para o momento presente. Eu virei mãe, me encontrei como mulher e resolvi reescrever a minha história.
Hoje, posso dizer que ser mãe foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida! A maternidade me mudou, me tornou uma pessoa melhor e me fez entender quem eu era de verdade. 99% das mães passam por isso e sentem toda a culpa, medo e tensão, só que cada uma reage de uma forma. Eu só peço para que você não desista de sair do seu casulo. Aceite-se, entenda-se e tenha uma certeza: você vai ficar mais forte do que entrou!