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A maternidade e os cordões

Com a chegada dos filhos, além do cordão umbilical, as mulheres também lidam com outros tipos de rompimentos. Confira o depoimento de uma mãe que fala sobre como foi enfrentar esses desafios.

Por Luísa Massa
Atualizado em 28 out 2016, 07h51 - Publicado em 27 jul 2015, 12h58

Camila Bastos Pagamisse, 35 anos, é mãe do Gabriel, de 11 anos, e do Daniel, de 4 anos, publicitária e idealizadora do blog Baú de Menino. Aqui, ela fala sobre como agiu com os rompimentos que a maternidade lhe trouxe.

“Confesso para vocês que as preocupações corriqueiras que surgem com a maternidade não me afetaram tanto, ou melhor, não como eu pensei que seria. Por exemplo, a questão do parto não foi algo que causou estresse para mim. A amamentação me preocupou um pouco, afinal, sofremos pressão até mesmo dentro do hospital para que tudo aconteça rapidamente. Eu também tive algumas complicações com o aleitamento materno: os meus peitos racharam e sangraram, só que felizmente, tudo se resolveu e ficou bem.

Mas o primeiro trauma que surgiu depois de ser mãe, aquele que quando me perguntam vem logo à cabeça, é o cordão umbilical. Lembro-me nitidamente da enfermeira me explicando o quanto era importante fazer a higienização correta, manter o local limpo e seco. Com o primeiro filho, pensei que tiraria de letra, mas não foi o que aconteceu. Como era mãe de primeira viagem, fiquei nervosa porque o coto umbilical não caia de jeito nenhum. Para piorar ainda mais a insegurança e a angústia que eu estava sentindo, ouvia palpites das pessoas o tempo inteiro. Quando decidi que era hora de levar o bebê na pediatra para verificar a situação, ele finalmente caiu!

Depois do nascimento do meu segundo filho, novamente uma enfermeira veio me dizer como eu deveria cuidar do coto umbilical. Juro que na hora nem passou pela minha cabeça me preocupar com isso, afinal, eu já havia tido essa experiência antes. Mas a vida nos reserva algumas surpresas e o que aconteceu? O coto do Daniel caiu antes do tempo. Fiquei nervosa e corri com ele para a pediatra para verificar se estava tudo bem e, graças a Deus, mais uma vez as coisas deram certo.

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Acredito que se você tem bebê em casa vai se identificar com o meu relato. Por mais desejo que temos de nos tornar mãe, não é fácil cuidar de um recém-nascido que depende exclusivamente de nós. Não tem jeito: as dúvidas surgem junto com os medos e inseguranças. Em alguns momentos nos questionamos se somos capazes de zelar pelas crias como elas merecem e precisam. É normal. Mas para mim, a melhor coisa que fiz foi manter a calma, me informar e buscar dentro do meu interior a confiança necessária para agir e seguir em frente.

Diferente do que eu pensava, depois de um tempo, descobri que a preocupação com o cordão umbilical também é algo que acompanha as mães enquanto os filhos crescem. A maternidade nos reserva vários outros rompimentos como esse que ocorre na hora do nascimento. Eu mesma senti essa sensação outras vezes: quando os pequenos pararam de mamar no peito, quando eu tive que voltar a trabalhar, quando eles foram para a escola, quando eles foram dormir pela primeira vez fora de casa e até mesmo quando foram passear na casa de um amiguinho.  

A lista é infinita e não para por aí. Daqui a pouco, sei que eu vou precisar me preparar para quando eles quiserem sair sozinhos, quando pedirem para ir à balada, quando forem tirar carta de motorista e até no momento em que ingressarem na faculdade. Hoje, eu vejo que cuidar do primeiro cordão umbilical é fichinha perto desses outros rompimentos. Mas também consigo enxergar que, se fizermos tudo com carinho, atenção e amor, o cordão do afeto nunca se romperá. Ele pode, sim, ganhar comprimento, ir para longe, atingir a distância que nossos filhos quiserem, mas não irá partir.”

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