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Estudo mostra o impacto do autismo na vida das meninas

Elas disfarçam melhor o transtorno e têm certa proteção natural contra ele, mas podem sofrer mais que os meninos para realizar tarefas básicas do cotidiano.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 28 jul 2017, 11h22 - Publicado em 27 jul 2017, 13h53

Meninas autistas se comunicam melhor do que meninos com o transtorno, mas quando chega na hora de realizar tarefas básicas, como escovar os dentes ou se vestir, o cenário se inverte. Foi o que descobriu um trabalho recente do Sistema Nacional de Saúde da Criança (Children’s National Health System – NHS), dos Estados Unidos.

O grupo avaliou os relatos dos pais e os resultados de testes de 79 garotas e 158 representantes do sexo masculino com idade entre 7 e 18 anos e notou que elas tinham dificuldades diferentes e, em certo ponto, até inesperadas.

“Vimos que elas foram piores do que os meninos nas funções executivas, que exigem a capacidade de fazer planos para executar a tarefa e saber se moldar às situações”, explica Alison Ratto, psicóloga do NHS e autora do trabalho. Na prática, isso torna a criança mais dependente dos pais.

A pesquisa é a mais ampla já realizada sobre o assunto e faz parte de uma leva de estudos feitos pelo mundo todo e que tentam entender as diferenças do transtorno nos dois sexos. Ocorre que, por conta da raridade, o autismo em meninas é menos conhecido do que no público masculino.

O que se sabe é que, enquanto os garotos apresentam comportamentos mais típicos e dificuldades na comunicação, as meninas vão bem na socialização. Por isso mesmo, o diagnóstico correto até demora para aparecer.

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“Como elas têm amigos, conversam e têm menos prejuízo intelectual, é difícil reconhecer o autismo nelas, que muitas vezes pode até ser confundido com hiperatividade, ansiedade e outros transtornos”, destaca Alison.

“As meninas estão menos propensas ao autismo por conta de um fator protetor que parece ser genético, e essa habilidade social pode mascarar o impacto do transtorno no cotidiano delas, que é de fato mais significativo”, concorda Rejane Macedo, neuropediatra do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

A ideia do estudo é que essas diferenças sejam consideradas na hora de fazer o diagnóstico do transtorno e de acompanhá-lo. Isso porque atrasos na detecção do autismo podem comprometer a menina para a vida. “Quanto mais cedo começa o tratamento, melhor seu resultado”, finaliza Rejane.

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