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Dicas para deixar a volta às aulas mais tranquila para a família

A volta à rotina pode ser estressante para os pequenos. Especialistas dão dicas para facilitar a retomada pós férias

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 30 jan 2019, 18h11 - Publicado em 29 jan 2019, 11h44

Para algumas crianças, voltar para a escola depois das férias é motivo de comemoração, principalmente as já mais velhas, com vida social ativa e desempenho ao menos razoável no ambiente escolar. Em situações não tão favoráveis, contudo, os filhos podem não se empolgar tanto e o momento passa a ser motivo de preocupação, por motivos que vão de querer ficar mais tempo com os pais a sofrer bullying na escola.

Já para os pais, a volta a rotina também pode ser um desafio, especialmente os que têm bebês pequenos. “Às vezes, eles sofrem até mais do que as crianças”, comenta a psicóloga Gabriela Malzyner, psicóloga com mestrado em psicologia clínica pela PUC-SP. A saída para equilibrar as coisas passa necessariamente pelo planejamento, diálogo e transparência entre a família.

Como superar a angústia da separação

Quanto maior o filho fica, mais pode sofrer da chamada angústia da separação. “Muitos pais tiram férias com as crianças, e algumas podem sentir ansiedade pelo fato de saberem que ficarão longe deles”, explica Gabriela. Assim, a prole pode ficar mais chorosa e irritada nos primeiros dias.

A saída para contornar esse problema é valorizar o tempo que a família passa junto, com atividades que envolvam todos, ao menos refeições, e ter bastante paciência e empatia. “O consolo começa quando os adultos lembram o que costumavam sentir quando crianças, assim vamos abrindo caminhos de solidariedade com esse sofrimento”, completa a psicóloga.

Retorno aos poucos

Outra estratégia para a volta ser mais tranquila é fazer a transição de maneira progressiva. “Se possível, é importante que a família volte à rotina semanas antes do início das aulas, com as crianças dormindo e acordando no horário normal”, aponta Márcia Yamamura, pediatra responsável pelo Ambulatório de Acupuntura e Pediatria e Adolescência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

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O ideal é ajustar os horários um pouco a cada dia, até que os ponteiros se acertem com os do ano letivo. O mesmo vale para alimentação e atividades de férias, como o tempo de videogame e computador. Caso a família viaje, é bom voltar para casa antes do último final de semana de férias.

Conversar muito

A criança deve ser parte ativa do planejamento familiar. “Uma das maneiras para amenizar a angústia da separação é permitir que a criança antecipe o que irá acontecer com ela”, ensina Gabriela. Abra o diálogo, comece a conversar sobre a volta às aulas, como ela se sente em relação a isso e avise que ela tem mais uma semana de férias, depois dois dias e assim por diante.

“Os pais devem ouvir as queixas e aceitar que se trata de um momento delicado, são cuidados que facilitam esse processo”, complementa Márcia. A comunicação também é fundamental quando o pequeno demonstra mau humor ou muda de comportamento. “A birra é a forma que a criança encontra de mostrar o que sente”, conta a pediatra.

Quando a criança não quer ir

O ideal é que os pais expliquem a importância da escola nesses casos, mas sem utilizar atitudes que podem assustar ainda mais a criança. “A escola deve ser tratada como aliada, isso será um fator decisivo para como ela encarará os estudos. Por isso, os pais não devem se referir ao ambiente escolar como punição ou castigo, assim como não devem oferecer recompensas pelo fato do filho estudar”, aponta Márcia.

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Não sobrecarregar a criança

Aulas de idioma, esportes e outras atividades extracurriculares… Muitos compromissos voltam junto com a escola. Mesmo que a agenda lote pelo bem das crias, o ideal é ir com calma: criança também descansa. “A rotina escolar e as obrigações existem, mas eles também devem ter tempo para o ócio, para brincar e distrair a mente”, conclui Márcia.

Quando a escola é nova

Trocar de escola pode ser mais complicado, por isso planeje a mudança para que não coincida com nenhuma outra grande mudança na vida dos pequenos, como mudanças de casa, divórcio, chegada de novos irmãos ou coisas do tipo. Caso sejam mais velhos, eles também podem fazer parte do processo, que exige paciência e acompanhamento próximo nos primeiros dias. Temos um material especial sobre o tema.

Reconhecendo sinais de alerta

Se a ansiedade ou as mudanças de comportamento forem exageradas, vale ligar o sinal de alerta, pois pode haver algo mais sério por trás do mau humor. Entram aí o bullying, o medo do mau desempenho escolar, dificuldades de socialização ou ansiedade pela necessidade de agradar os pais.

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Em alguns casos, esse sofrimento é interno, mas dá para os pais flagrarem pequenos indícios de que algo está errado. “Crianças expansivas se tornam retraídas, choram mais sem motivo aparente, ficam mais irritadiças e por aí vai”, aponta Gabriela. Até sintomas físicos associados ao estresse podem aparecer, como dor de barriga, enjoo e vômitos. Nesses casos, não force a barra, exercite o diálogo para entender o que houve e, se preciso, procure ajuda profissional.

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