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Dicas para tornar a amamentação menos complicada

Livro ajuda as mamães de primeira viagem que ainda não pegaram o jeito na hora de alimentar o recém-nascido. Confira as orientações!

Por Manuela Macagnan (colaboradora)
Atualizado em 20 jul 2017, 20h52 - Publicado em 3 jun 2015, 12h40

Um cantinho aconchegante, o bebê no colo e a nova mamãe senta para amamentar. Uma cena linda, mas nem sempre dar o peito é um processo tão natural. No início incomoda, é preciso ensinar o bebê a sugar direitinho e insistir até ficar confortável para os dois. Para ajudar os pais – sim, porque o pai também é fundamental – nessa empreitada, Grasielly Mariano, enfermeira do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Aleitamento Materno da Escola de Enfermagem da USP (NEPAL), em São Paulo, lançou o livro Socorro, eu não sei amamentar! (Editora Lexia). Confira a entrevista com a autora, cheia de dicas que vão ajudá-la – e muito!
 
Afinal, como amamentar?
A técnica para posicionar o bebê é simples e muito importante para que ele consiga retirar o leite da mama sem machucá-la. Sente-se de modo confortável, relaxada, com a coluna ereta e os pés apoiados em uma banqueta. O corpo do bebê deve estar totalmente voltado para o corpo da mãe, de modo que seja possível o encontro barriga com barriga. Atente para o pescoço do pequeno, que deve estar ligeiramente estendido para facilitar a pega. Segure a mama com os dedos em forma de “C” e não em forma de tesoura – este procedimento serve para direcionar a pega. Estimule o bebê a abrir bem a boca, passando o mamilo na região entre o nariz e o lábio superior. Quando for possível ver a boca do bebê bem aberta e com a língua abaixada, movimente-o em direção à mama para que ele possa abocanhar grande parte da aréola.
 
O que é o colostro e qual a importância dele?
O colostro é a primeira secreção que sai do seio da mulher e que é formado durante a gravidez. É um fluido acumulado nas células alveolares nos últimos meses de gestação e secretado nos primeiros dias pós-parto. Contém mais proteína, vitamina A e minerais, ao passo que apresenta menor quantidade de carboidrato do que o leite maduro. O colostro é um leite de muita importância e é capaz de alimentar um neonato até o momento em que se transformará em secreção láctea branca, fenômeno conhecido como apojadura láctea e que pode acontecer até o décimo dia pós-parto.
 
O que fazer quando amamentar dói?
As temidas rachaduras e fissuras são lesões que podem ter diversas causas, mas em sua grande maioria são ocasionadas pelo posicionamento e pega inadequados. Comece avaliando se está fazendo certo. O leite materno tem substâncias cicatrizantes e, por isso, deve ser passado no mamilo após as mamadas. Mantenha o mamilo seco a maior parte do tempo e não use cremes hidratantes, sabonete ou álcool na área afetada. Variar as posições também pode ajudar na cicatrização e alivia a dor.
 
Descobri que estou grávida. Posso continuar amamentando?
De modo geral, uma nova gravidez não é indicação para interromper o aleitamento materno, a não ser que a gestante tenha ameaças de entrar em trabalho de parto prematuro – a amamentação estimula um hormônio chamado ocitocina, que pode causar contrações no útero. Se sentir cólicas ou desconforto enquanto amamenta, converse com o seu médico.
 
Qual a importância do pai nesse momento? No que ele pode ajudar?
A figura paterna é de extrema relevância e tem sofrido modificações ao longo dos anos, uma vez que a gravidez e o nascimento do bebê deixaram de ser uma preocupação apenas da mulher e hoje são parte da experiência do casal. Os cuidados com o neonato agora são compartilhados. O vínculo entre a mãe e o bebê é fortemente reafirmado durante a prática de amamentação e o pai pode participar deste momento, oferecendo carinho e apoiando tanto a mãe quanto o bebê. Sua presença e seu toque são capazes de acalmar o pequeno e sua opinião favorável ao aleitamento materno é um fator muito positivo para o prolongamento da amamentação. O pai pode, ainda, se responsabilizar por algumas tarefas domésticas para que a mamãe consiga amamentar seu recém-nascido com tranquilidade e em regime de livre demanda. A mulher deve permitir, sempre que possível, que o pai ajude, colocando o bebê para arrotar, por exemplo, que é uma excelente oportunidade para fortalecimento dos laços entre pai e bebê.
 
Qual dica você daria para a mãe que está enfrentando dificuldades, mas não quer parar de amamentar?
Não espere muito tempo para procurar ajuda. Saiba que a amamentação deve ser uma prática prazerosa para mãe e bebê, sem dor, sem grandes problemas e, por isso, se a mamãe enfrenta alguma dificuldade, não deve demorar para consultar um profissional experiente. Não pare de amamentar sem tentar todas as possibilidades de solução para o seu caso. O seu bebê merece e tem o direito de ser amamentado.