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Como superar as dificuldades da amamentação?

Não basta instinto materno. É preciso orientação, apoio e muita informação para oferecer ao bebê o alimento mais completo que existe

Por Abril Branded Content
Atualizado em 1 set 2017, 12h29 - Publicado em 1 set 2017, 12h25

Escolher amamentar é um ato de bravura. É preciso paciência, força de vontade, determinação e muita dedicação. Mas desistir nunca foi uma possibilidade para a analista de pricing Daniele da Silva Pizani, 30. Ela saiu da maternidade com a indicação de um bico de silicone para auxiliar na pega correta, mas, na visita ao pediatra após oito dias, descobriu que seu filho, Ricardo, hoje com 1 ano e 6 meses, havia perdido peso. “Chorei ao sair do consultório e passei na farmácia para comprar fórmula, com dor no coração. Depois da introdução da mamadeira, ele chorava toda vez que eu tentava dar o peito, não aceitava mais”, lembra.

Foi quando começou a luta pela amamentação. Após frequentar um banco de leite, tentando amamentar sem sucesso, com a produção bem reduzida e sem apoio para continuar, Daniele tentou a translactação. “Começou a dar certo, pois, como o leite vinha em quantidade, ele mamava. Mas isso durou apenas uns três dias e ele, novamente, chorava quando eu tentava”, recorda.

Daniele, então, deu a cartada final. “No dia em que Ricardo completou 38 dias, acordei determinada a não dar a mamadeira. Ele e eu choramos muito, mas fui firme com o propósito, até que ele pegou o peito. Nesse dia, ele mamou por cinco horas. Eu deixei, com medo de tirá-lo do peito e ele não pegar novamente.

Quando finalmente ele largou, o peito já estava rachado, sangrando. Eu esperava receber uma palavra de conforto do meu esposo, mas o que escutei foi ‘não era o que você queria? Agora aguenta’”. Foi o que Daniele fez. Passou o próprio leite no bico do seio para ajudar na cicatrização, pegou o jeito e amamenta Ricardo até hoje.

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A falta de apoio enfrentada por Daniele é uma das principais causas do desmame precoce apontadas pela enfermeira e consultora em amamentação Silvia Briani. “A mulher precisa ter uma rede de apoio para acionar em caso de necessidade, desde questões práticas, como limpeza e comida em casa, até para acolhimento emocional. Principalmente da família, cujo apoio real e motivacional tem um grande peso”, explica a criadora do projeto Escola de Peito, que prepara as instituições de ensino infantil para serem um local confiável, de referência no assunto e com qualidade para continuar a promover o aleitamento materno.

Na opinião de Silvia, buscar informação de qualidade durante a gestação é o melhor e o único “preparo” necessário para amamentar, mas é fundamental contar com uma rede de profissionais que sejam comprometidos com a amamentação, que possam orientar a puérpera nas questões práticas, como a pega correta, as posições para amamentar, o que fazer em caso de rachaduras, e, principalmente, que incentivem a livre demanda.

“Isso significa que o bebê não tem horários para mamar, apenas quando sentir fome. É ele quem decide quando e por quanto tempo vai ficar no seio e se ele quer mamar um ou dois seios”, explica.

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Não foi o caso da publicitária Sabrina Pierangeli Gonçalves, 35 anos. Seu filho mais velho, Matheus, que hoje estaria com 7 anos – ele faleceu aos 4 –, nasceu com a língua presa, o que dificultava a sucção. O pediatra orientou que o bebê deveria mamar por apenas 20 minutos, 10 em cada seio. “Como ele tinha dificuldade em sugar, não mamava o suficiente e não ganhava peso. Logo que entrou a mamadeira, ele passou a mamar cada vez menos no seio até que o largou”, lembra.

Mas Sabrina não conseguiu digerir esse desmame precoce e, assim que soube que estava grávida de Valentin, hoje com 1 ano e 5 meses, buscou informação e um pediatra que fosse amigo da amamentação. “O grande diferencial foi o apoio do profissional, que colocou o bebê para mamar no peito assim que nasceu. Ele ficou desde o momento do nascimento até por cerca de quatro horas depois peladinho, deitado sobre meu peito nu”, conta.

Apesar de o bebê ter mamado na primeira hora de vida, com contato pele a pele – dois grandes aliados da amamentação –, Sabrina enfrentou problemas para amamentar em casa. Os seios ficavam cheios e o bebê tinha dificuldades para mamar. O pediatra foi sua salvação.

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“Ele me indicou uma fonoaudióloga especialista em amamentação. Ela foi em casa e me ensinou a tirar o excesso de leite com a bombinha elétrica – e doar – para que Valentin pudesse pegar melhor. Também fui orientada a amamentar em lugar apropriado, sozinha ou com música suave, com calma e pelo tempo que o bebê quisesse, em livre demanda. Com uns 20 dias, o peito já estava curado, a pega, correta, e a produção de leite, regularizada”, comemora Sabrina, que por diversas vezes foi desacreditada pela família, mas não abriu mão de sua escolha.

“Ouvi coisas como: sua mãe, suas tias, suas primas, nenhuma delas amamentou, então, você também não vai conseguir.” Estavam errados. Valentin mamou exclusivamente no peito até os 6 meses e, depois, a amamentação junto com a introdução alimentar foi até os 10 meses. Aos 14 meses, ele desmamou naturalmente.

Amamentar é possível

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Que bom seria se a amamentação fosse “plug and play”. Mas muitas mulheres passam por dificuldades, como a pega e as fissuras nos mamilos. “Entender a pega correta é a chave para o sucesso”, afirma Patricia Scalon, consultora e enfermeira do Grupo de Apoio ao Aleitamento Materno (Gaam) da Maternidade São Luiz Itaim.

A pega incorreta pode levar à lesão do mamilo e causar dor durante a amamentação. Algumas dicas são importantes. “A mãe deve segurar a mama em ‘C’, mas deixando a auréola livre, e tocar o mamilo no lábio superior do bebê para que ele abra bem a boca e abaixe bem a língua.

Além do mamilo, o bebê deve abocanhar parte da aréola. O queixo do bebê deve tocar a mama, o nariz deve estar livre e os lábios, curvados para fora”, explica Patricia. Alguns sinais de pega incorreta: “covas” na bochecha durante a sucção, barulho de estalos, mamilo amassado no final da mamada e dor.

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Se mesmo assim a mama rachar, siga estas dicas: passe o leite nos mamilos após as mamadas; inicie a amamentação pela mama menos dolorida; evite o uso de protetores; faça banho de sol antes das 10 horas ou após as 16 horas, por 15 minutos, sem uso de pomada para evitar queimaduras na pele.

Os desafios são muitos, mas, se a sua escolha for amamentar, não dê ouvidos às opiniões alheias – acredite, seu leite não é fraco! – e encare o desafio. Com informação, orientação e apoio, amamentar é possível, e essa escolha fará toda diferença na saúde física e emocional do seu filho.

Confira a seguir o vídeo que conta a história de Denise, que também teve dificuldades mas aprendeu a amamentar sem nenhuma dor.

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